quarta-feira, 18 de abril de 2012

"É loucura imaginar que vai existir outra pessoa que possa suprir a falta que alguém faça. Nunca, por mais iguais que as pessoas sejam, por mais parecidas fisicamente, por mais gostos iguais, por mais tudo. Ninguém é igual ou substituível. Ninguém tem o mesmo papo, o mesmo jeito de falar, o mesmo toque, o mesmo beijo, o mesmo olhar. Ninguém tem as mesmas manias ou jeito de cruzar as pernas, ou quem sabe, mexer no cabelo. Ninguém entende ou aceita o outro da mesma forma. Ninguém se doa, ninguém se importa como outro alguém. É difícil entrar e sair da vida das pessoas. É difícil a vida de coveiro. Cavar no terreno do coração, fazer morada perpétua e simplesmente levantar da tumba e sair andando. Aquela cova que a gente cava, nenhum outro corpo ocupa, por mais que existam sete bilhões de outros corpos na face da terra. Ninguém tem o mesmo tempo, e mesmo que tenha, ninguém gasta ele da mesma forma. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. A gente às vezes não quer se importar ou não quer que se importem tanto. Ou quer. Ou não sabemos. Ou sabemos e não queremos. Ou não queremos saber. É confuso, eu sei. Mas ó, nada melhor que cama e travesseiro. Se ali, com a cabeça recostada, com o vento tocando o corpo, com o silêncio da noite sussurrando no ouvido, ou a melodia tocando na alma, se ali tu lembrar de alguém e sentir uma saudade doída, uma necessidadezinha, um bem querer. Tu não precisa arranjar mais ninguém pra ocupar um espaço que já tem dono. Às vezes a gente só precisa enxergar o óbvio, ver aquilo que está na nossa frente e por um motivo, outro, ou todos, simplesmente passa despercebido. Cada um sabe a falta que o outro faz e o espaço que o outro ocupa. A vida é assim, às vezes a gente que complica tudo. Cobramos e procuramos respostas demais para coisas que simplesmente devem ser sentidas, não entendidas. Às vezes a gente perde por medo de ter. Ou deixa de ter por medo de perder. Sei lá, não curto perder."
Matheus Rocha

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