quarta-feira, 9 de outubro de 2013

“Então comece, aos poucos, entender que a vida nem é tão pesada assim e que precisamos notar que há alguns sentimentos que precisam mais do que qualquer coisa, ser cultivados para darem bons frutos. Um sorriso numa manhã chuvosa de quarta-feira, o desapego das pessoas que foram embora e que prometeram nunca mais voltar, as partes que deixamos pelo caminho para que sentissem saudade do nosso cheiro, das nossas conversas, dos olhares entrecortados. Comece a perceber que o sol não se põe todos os dias - noutros, ele despenca, levita, abre a boca e boceja. Note também que a lua às vezes deita em cima do céu e fica lá, se exibindo para quem quiser ver. E que ela não se importa se alguns a ignoram, que outros nem a percebam, e que muitos nem sabem quando ela está meia, metade, cheia ou vazia. Perceba, assim como eu, que a poesia está sob o mundo, sob aquilo que ninguém costuma enxergar e que os detalhes são inspirações que a vida lhe entrega de mão-beijada - a flor, o vento, o tempo, o espaço, as canções, os textos, aquilo que não pode ser lido mas pode ser compreendido, tudo que podemos sentir e imaginar. A felicidade está nisso, nisso que a gente toca sem perceber, nas almas que nós sentimos espontaneamente, na leveza dessas saudades que flutuam de um modo bom e bonito, e que viram abraços, doces e risadas durante horas. Então, comece aos poucos, erre os caminhos em dias ruins para se distrair e observar lugares novos; abrace o mundo mesmo que a dor pareça ser insuportável e ame, ame muito, ame demais, ame tudo aquilo que você já teve, aquilo que você deixou escapar, aquilo que ficou e eternizou até hoje. Comece amando.”

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