
Me perco na desorganização em que se tornou meus sentimentos. Desvio o olhar para não encarar a realidade, para não ver a felicidade, para não enxergar o óbvio. Aumento o volume da vida, me despreocupo, entro em sintonia com minhas personalidades. Sim, sou mais de um em mim, sou muitos em um só, sou humor e dor, fogo e escuridão. Procuro o significado de amar, tento usar a razão. Mas nunca dá, nem chego perto, só retorno. Não tenho tempo para tomar o leite na madrugada, falta amor no reflexo do espelho, transbordam lembranças pela tigela de cereal. Por que você voltou? Estava tudo indo bem, tranquilo, sem recordações. Mas aí você chega, com palavras que você sabe muito bem que chacoalham meus pensamentos. Pseudo-vida essa minha, que nunca tem ponto final, sem descanso, sem folga ou brecha que me permita espiar o lado de fora. O lado de fora de mim, onde existem os outros além de nós dois. Você foge e resolve voltar quando bem entende, como se nada tivesse acontecido. Irônico, não? Ou melhor, ridículo. Não caio mais na sua, ontem você me dominava, hoje eu estou de olhos abertos. Eu cresci, amadureci, levantei para o futuro. A sua ausência funcionou como uma anestesia para o meu coração, dificilmente irei me entregar outra vez, para alguém, para mim mesmo. Me sinto só, mas não sozinho. Percebe a diferença? Eu sinto falta do que eu fui, mas estou contente com o que consegui me tornar. Eu me sinto parcialmente vazio, mas estou preenchido com algo que nem você e nem ninguém tem pra me dar: Amor próprio.
 
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